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UM MUNDO CHAMADO ROCINHA

Atualizado: 6 de jan. de 2020

O dia a dia da maior favela da América Latina é documentado pelo Rocinha sob Lentes, coletivo de fotografia formado por 4 moradores da comunidade


Texto por Everyday Brasil

Fotos por Rocinha sob Lentes




Allan Almeida, Erik Dias, Diego Cardoso e Marcus Costa formam o Rocinha sob Lentes, coletivo que nasceu em abril de 2018 com o objetivo de documentar o dia a dia da Rocinha por meio da fotografia. Por dia a dia, entende-se, nesse caso, o cotidiano longe dos clichês de violência e guerra aos quais a comunidade é, geralmente, relacionada. Na página do coletivo no Instagram, as imagens mostram crianças brincando na rua, trabalhadores, moradores em seus momentos de lazer, o trânsito congestionado, eventos pontuais, entre outras cenas comuns à rotina de qualquer cidade, bairro ou comunidade.


Os 4 integrantes do coletivo são amigos de longa data e, praticamente, cresceram juntos. Entre eles, apenas Diego vive exclusivamente da fotografia, registrando casamentos, festas infantis, entre outros eventos que acontecem na comunidade. Erik trabalha em um Pet Shop, Allan é vigia em um banco e Marcus trabalha como garçom no Copacabana Palace, famoso hotel do Rio de Janeiro.



Quando criaram a página no Instagram, já tinham um acervo com cerca 1000 fotos, das quais algumas estão ao lado do material que vêm produzindo atualmente. Diego conta que, curiosamente, a grande maioria dos seguidores do projeto nas redes sociais não é constituída por moradores da comunidade. "Apenas 20% dos que acompanham o projeto no Instagram moram na Rocinha, não sei se por falta de acesso à internet ou por não considerarem o projeto relevante. Mas pretendemos mudar isso", lamenta.



Allan conta que se aproximou da fotografia em um período difícil, quando se encontrava com problemas financeiros e emocionais. Foi então que passou a frequentar uma igreja dentro da comunidade, onde sugeriu fotografar os encontros e eventos que ali eram realizados, começando com o celular e, depois, com uma câmera semiprofissional emprestada por Diego. Logo depois, conseguiu comprar sua primeira câmera profissional e passou a ser convidado para fotografar outros eventos realizados na Rocinha. "A partir dali, comecei a ver que eu tinha talento para a fotografia, algo que poderia ser trabalhado", lembra Allan. Ele conta também que, hoje, o maior sonho do coletivo é, em algum momento, conseguir fazer uma exposição com o material produzido por eles, além de, futuramente, realizar um projeto social por meio do qual possam ensinar crianças a fotografar.


Na opinião de Marcus, fotografar a Rocinha é um privilégio e uma maneira de retribuir, fazendo algo que ama em prol do lugar onde sempre viveu. "A Rocinha é um lugar mágico! Literalmente, um mundo. Uma espécie de cidade compactada, onde tudo acontece, mas só quem está lá, vê."



A Rocinha é complexa. Localizada entre a Zona Sul e a Zona Oeste do Rio de Janeiro, está cercada por bairros nobres da cidade, sendo então um retrato pulsante da desigualdade social do país. A rica diversidade cultural, as pessoas, a vista privilegiada da cidade, a arquitetura peculiar, entre outras propriedades, fazem da comunidade um lugar tão único quanto plural. Na opinião do coletivo, porém, tudo isso é deixado de lado pela mídia, que, na maioria das vezes, opta por mostrar apenas as mazelas do lugar, alimentando, assim, um preconceito em quem enxerga de fora. "Grande parte das vezes que nos procuram é para pedir foto de 'gatos' (ligações elétricas clandestinas), vielas com casas humildes, entre outros clichês", comenta Diego.



Para Erik, a fotografia foi fundamental para que passasse a enxergar a vida de uma forma mais positiva, com 'mais sentimento', como ele mesmo diz. "Aprendi que toda fotografia tem uma mensagem, toda localidade da favela tem sua importância e, acima de tudo, aprendi que toda pessoa fotografada tem uma história a ser contada." Erik deseja que, em breve, possa sustentar a família se dedicando apenas à fotografia, algo que, para ele, 'tem um poder gigantesco no mundo'.















Para saber mais sobre o trabalho do coletivo Rocinha sob Lentes:




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