top of page

OBS-CU-RA: REFLEXOS DE UMA REALIDADE INVERTIDA

Atualizado: 31 de jul. de 2020

Projeto criado pelo fotógrafo Bruno Alencastro durante a quarentena, usa o princípio da câmera obscura para pensar sobre o novo mundo que chegou repentinamente


Texto: Everyday Brasil


Cleidi Pereira


Com o advento da pandemia de Covid-19, fotógrafos(as) e realizadores visuais de todo o mundo foram levados a repensar as formas e práticas de seu trabalho e exercitar a criatividade dentro de uma situação inédita para todos. A forma, assim como o conteúdo, de repente eram desconhecidos e era preciso descobrir maneiras possíveis de documentar essa nova realidade.


Dentre os trabalhos que foram elaborados no Brasil nesse contexto, Obs-cu-ra é, na nossa opinião, um dos mais geniais e delicados. A atmosfera que o conceito resulta é cheia de vida e de espera, pulsa ao mesmo tempo que sugere uma pausa e, de maneira empática, transmite o sentimento comum a todos, e ao mesmo tempo tão íntimo e particular, que o momento provoca. Entre as tantas reflexões que essas imagens nos traz, prontamente nos faz pensar que o mundo que nos espera na volta não é mais aquele que conhecíamos, nunca mais será, está invertido, mudado, e não há retornos conhecidos, teremos que desbravá-lo e, de preferência, sermos mais gentis com ele.



Íris Zanetti


Felipe Martini


Bruno Alencastro, criador do projeto, conta que Obs-cu-ra nasceu em função de sua inquietude característica e pelo ócio proporcionado pela quarentena. "Sem poder sair de casa, sabia que o meu desafio era o de documentar a pandemia de dentro do meu apartamento. Foi então que me ocorreu o princípio da câmera obscura. Do ponto de vista técnico, isso poderia ser viabilizado, mas, principalmente, do ponto de vista estético e de discurso, teria muito a contar sobre esse tempo que estamos vivendo.", conta Bruno.


Ancestral da câmera fotográfica, a referência mais antiga ao princípio da câmera obscura, é atribuída ao filósofo chinês Mozi, no século V a.C. Mas é no renascimento que ela passa a ser usada como dispositivo ótico: uma caixa ou sala completamente escura, e com uma pequena entrada de luz projeta, na parte oposta a essa abertura, uma imagem invertida da cena interna.



André Feltes


Riccardo Montanari


O fotógrafo, ao fazer o primeiro teste, se empolgou com o resultado, mas logo entendeu que não poderia fazer isso sozinho, então convidou, a princípio, outros 12 fotógrafos e fotógrafas que aceitaram transformar suas casas em câmeras obscuras de grande formato e, assim, levar o projeto adiante com um grupo diverso de pessoas e situações dentro do contexto da pandemia.


Desde o início Bruno entendeu que o projeto tinha um discurso potente e que poderia vir a ter um alcance global, uma vez que o mundo todo estava enfrentando a mesma situação. Pensando nisso, teve o cuidado de lançar o ensaio bilíngue desde o princípio, com a intenção de dialogar com outros países e fazer o projeto reverberar para fora. E deu certo. O ensaio começou a ser postado e repostado em diferentes partes do mundo e várias pessoas passaram a entrar em contato com o fotógrafo querendo saber mais detalhes sobre como construir uma câmera obscura e como fazer parte do projeto.

"Num mesmo dia, estava respondendo um fotógrafo do Uruguai e outra da África do Sul. Foi quando me dei conta de que o ensaio poderia ganhar ainda mais força através de uma chamada coletiva, para que mais pessoas fizessem parte dele. Então lancei uma espécie de “video-tutorial” dando algumas dicas de como conseguir um melhor resultado para a construção da câmera obscura e convocando as pessoas a enviarem para mim o resultado dessa experiência.", lembra Bruno.



Stéfanie Telles


Rodrigo Blum


O resultado, até agora, é a participação de 78 fotógrafos de 20 países: Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, Espanha, EUA, Finlândia, França, Groelândia, Holanda, Índia, Itália, Letônia, Lituânia, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Rússia e Uruguay.


O trabalho foi publicado em mais de 40 sites de 10 países, assim como em revistas nos EUA e França. Recentemente, foi selecionado para o projeto #quarentenaprojetada, promovido pela Mídia Ninja em parceria com o IMS, além de exposições previstas para acontecerem no segundo semestre na Grécia e em NY.




Ricardo Wolffenbutel


Piotr Gruchala


Ursula Jahn


Miriam Ramalho


Leo Savaris


Guilherme Santos


Eduardo Seide


Bruno Alencastro


Josué Braun


Caroline Muller


Pedro Rocha



Para saber mais sobre o projeto Obs-cu-ra:



Comments


bottom of page